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China causou mudança no comando do Google, diz revista

24 janeiro 2011
 Qual a razão para um executivo deixar o comando de uma empresa líder do mercado e com lucro cada vez maior? Essa é a pergunta que se faz desde quinta-feira, quando Eric Schmidt anunciou que não vai ser mais o presidente-executivo do Google. A resposta é a decisão da empresa de enfrentar a censura chinesa no ano passado, de acordo com a revista "The New Yorker". Segundo a publicação, a relação entre Schmidt e os fundadores do Google, Sergey Brin e Larry Page (que vai substitui-lo no cargo a partir de abril), ficou estremecida depois que o site optou em março do ano passado por encerrar suas operações na China e transferir as buscas dos internautas para seu domínio em Hong Kong. Para Schmidt, 55, que está no Google desde 2001, o mais sensato era permanecer na China, com o seu enorme mercado consumidor. Vencido na decisão pelos fundadores, o executivo perdeu parte do foco e da energia, diz a revista. Ao mesmo tempo, a empresa enfrenta a pressão de perder espaço para o Facebook. Ainda que seja líder no mercado de buscas, o Google não conseguiu emplacar nenhum projeto de rede social.
O Wave foi um fracasso, o Buzz (até agora ao menos) não conseguiu emplacar, e o Orkut está praticamente restrito ao Brasil, já que nem mais é líder na Índia. E as pressões de entidades privadas e governos sobre invasão de privacidade e direitos autorais têm aumentado, manchando o slogan informal da empresa: "Don't Be Evil [não seja mau]". Com pressões de todos os lados (mas especialmente de Page e Brin), Schmidt já estaria sem forças para lutar. A decisão de ficar como presidente do conselho seria algo apenas temporário: ele ficaria somente um ano no cargo e deixaria a empresa. Dinheiro não deve ser problema para o executivo. As ações que têm do Google estão avaliadas em cerca de US$ 5,8 bilhões. Na quinta, quando anunciou que vai deixar de ser presidente-executivo, ele também entrou com documentação para vender uma fatia que vale atualmente pouco mais de US$ 330 milhões. Seria uma crise na Google? Acho que está longe disso apesar da real ameaça do Facebook. Mas temos que concordar, recuar frente a China não foi mesmo a melhor decisão.

 
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