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Hollywood está morrendo, e isso é ótimo!

02 junho 2014

Ano após ano, os executivos dos grandes estúdios de Hollywood precisam se desdobrar para atrair os espectadores para as salas de cinema. TV e internet minam o público que outrora fez das telonas a maior indústria, em termos financeiros, dos EUA - junto com o setor bélico.

A TV já reage à concorrência da internet e vai muito bem, obrigado. Séries cada vez mais criativas, bem produzidas e populares, tiraram das telinhas o estigma de arte "menor", o que no passado afastaram grandes atores, diretores e roteiristas do mundo televisivo.

O contra-ataque da web veio com os serviços de streaming, que não só reúnem uma programação cada vez mais diversificada de programas vindos dos cinemas e da TV, como tem investido em ótimas produções próprias. Depois de House of Cards e Orange is the New Black, Narcos, uma série sobre narcotráfico rodada na Colômbia, dirigida por José Padilha e com Wagner Moura no elenco promete ser uma boa tacada.

Enquanto isso o cinema hollywoodiano vive do seu passado de glória, tal qual nos clássicos Nasce uma Estrela (1954), Crepúsculo dos Deuses (1954) e O que terá acontecido a Baby Jane? (1962). No cinema comercial há pouca inovação, pouca criatividade e pouca novidade.

As salas de cinema são inundadas, fim de semana após fim de semana, por sequências e mais sequências de filmes de super herói - todos com uma história mais ou menos parecida - ou reedições de filmes de sucesso.

Robocop (1987) já ganhou o seu remake. Star Wars já vai para sua terceira trilogia (se era uma trilogia não deveria ter parado no terceiro filme?). Até Uma Babá Quase Perfeita (1993) vai ganhar uma continuação, com o hoje sexagenário Robin Williams. Nem o argentino O Segredo de Seus Olhos (2009) foi poupado de uma reambientação nas ruas de Boston. Blade Runner (1982) também está na fila para ser refeito.

Todos são fórmulas já testadas e aprovadas que mostram a incapacidade da indústria de fazer algo novo. Na dúvida, Hollywood opta pelo caminho mais seguro.

Isso não significa uma crise criativa. Longe disso... Os bons filmes, que são lembrados ao final de cada temporada continuam existindo como sempre, mas passam longe dos grandes estúdios. Em sua maioria são produções independentes como o premiado 12 Anos de Escravidão (2013). Pequena Miss Sunshine (2006) e Quem Quer Ser um Milionário? (2008) são outros bons exemplos.

Nem o Oscar se anima mais com as grandes produções e esnobou o "grande" Avatar (2009) frente ao "pequeno" Guerra ao Terror (2008).

Hollywood já percebeu que ficar requentando seus filmes é uma estratégia que não vai dar certo por muito tempo. Enquanto a série O Senhor dos Anéis arrastou multidões, O Hobbit, igualmente bem produzido, teve sucesso mediano.

O problema é que os executivos da indústria não sabem exatamente o que fazer para afastar a crise e, por enquanto, decidiram apenas diminuir o ritmo de produção e aumentar o espaço entre os grandes lançamentos. A ideia é sugar cada gota de sucesso que cada filme pode produzir.

Apesar disso, os sinais de que a grande indústria cinematográfica está perto do fim são, na verdade, uma ótima notícia. Pelo menos essa é a conclusão se olharmos um pouquinho para a história do cinema.

A última vez que Hollywood enfrentou uma crise como essa foi nos anos 60. A popularização da televisão e o surgimento de outras formas de lazer minou o público dos cinemas. Era o fim da "Era de Ouro" dos grandes estúdios, com suas estrelas glamurosas, produções suntuosas e filmes épicos. Ir ao cinema deixou de ser o programa padrão da família norte-americana.

Foi justamente essa "morte" que abriu caminho para um dos períodos mais criativos e interessantes da sétima arte. Na virada dos anos 60 para os 70 foi um grupo de novos diretores e roteiristas que vieram do underground e faziam um cinema completamente diferente dos "clássicos" produzidos, até então, que conseguiu reerguer a indústria.

George Lucas e seus Star Wars (1977), Stanley Kubrick e 2001: Uma Odisseia no Espaço (1968), Francis Ford Coppola e O Poderoso Chefão (1972) e Steven Spielberg e o Tubarão (1975) são os nomes mais populares dessa safra de renascimento do cinema.

Foi ali que Meryl Streep alcançou a fama no clássico Kramer vs. Kramer (1979). Astros como Al Pacino, Goldie Hawn, Jodie Foster, Jack Nicholson também são filhos da sobrevida que o cinema americano ganhou.

Se for para o nascimento de um cinema tão instigante, criativo e revolucionário quanto o dos anos 70, pois que Hollywood morra logo. ( Por Max Milliano Melo ; Brasil Post)

 
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