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VIOLÊNCIA E MEDO EM VITÓRIA DA CONQUISTA
O corpo de Ozéias Belas de Oliveira, 15, foi localizado na madrugada desta terça-feira, 2, nas proximidades da BA 265, rodovia que liga Vitória da Conquista a Barra do Choça. O jovem é um dos quatro adolescentes que, há seis dias, foram levados à força de casa, no Bairro Alto da Conquista, periferia do município, por um bando de homens encapuzados, armados com revólveres e pistolas, a bordo de uma caminhonete sem placas. Os demais jovens levados pelo bando: Mateus de Jesus Santos, de 14 anos; Vanessa Santos Morais, 14; Jocafre Marques Souza, 17, continuam desaparecidos. Há informações de que, antes de serem jogados na carroceria do veículo, os jovens teriam apanhado muito. A atuação dos encapuzados, a quem se associa 9 mortes nesse espaço de tempo, teria começado horas depois do assassinato do policial militar Marcelo Márcio Lima Silva, 32 anos, abatido com um tiro na nuca na noite de quinta-feira, 28 de janeiro. Com medo de se tornarem as próximas vítimas, moradores colocam casas à venda e muitos até abandonam os imóveis. A maior debandada é de jovens e adolescentes com passagens pela polícia e envolvimento com o tráfico de drogas. Também na segunda-feira (01), mais dois corpos crivados de balas foram encontrados na mesma localidade em que Ozéias foi achado, uma estrada vicinal que dá acesso ao povoado da Choça, e que já vem sendo considerada área de desova. Trata-se de Henrique de Abreu Ferreira, 17, e Robson Santana Aragão, de 19. No fim de semana, mais três mortes por execução a tiros: Tiago Borges de Souza, 22, e Harrison Santos Mota, no Bairro Guarani e Geraldo Sousa Santos, 33, no Patagônia. Na madrugada em que o PM foi morto e na mesma rua, a casa de Jorge Moreira da Silva, de 40 anos, teve a porta arrombada a pontapés. Ele foi retirado da cama e morto a tiros na calçada. A ação se seguiu por outras residências, com pessoas sendo espancadas para informar o paradeiro dos criminosos. Nem mesmo um aposentado de 78 anos escapou da violência. “Juntou mais de três. Um me batendo e dois com revólver em meu ouvido”, relatou o idoso, exibindo hematomas nas costas. Os homens queriam saber o paradeiro dos bandidos. “Eu não aguentei mais apanhar e sentei no meio-fio. Falei pra eles: vocês querem me matar, então mata logo. Estou sozinho e Deus”.
O caso já foi parar na Promotoria da Infância e Juventude. O titular, promotor Marcos Coelho, disse que já solicitou dos comandos das polícias civil e militar a apuração dos fatos. “É uma situação preocupante, tenha havido o que quer que seja, a sociedade necessita de uma satisfação”, frisou. O delegado titular da 10ª Coorpin, Odilson Pereira, descarta a relação da PM com a ação dos encapuzados e garante desconhecer qualquer atividade ilícita ligada a seus prepostos. “Não existe, nem existiu ordem de serviço para diligência. As únicas equipes de plantão têm delegados à frente que não deram ordem de diligência naquela área”. O capitão Leite, que falou em nome do 9º batalhão PM, afirmou, por sua vez, que, “se foi notificado para o batalhão, o comandante da corporação abrirá uma portaria para apurar os fatos, já que existem denúncias de que, talvez, haja policiais militares envolvidos”.
O jovem de iniciais M.S. (17 anos),conhecido como “Jararaca” e acusado de matar o soldado da PM Marcelo Márcio Lima Silva, no último dia 28 de janeiro, se entregou a polícia na noite desta segunda-feira (1º). Acompanhado do seu advogado de defesa, ele esteve no Fórum João Mangabeira para prestar depoimento e declarou ser inocente no caso.Logo depois o adolescente foi encaminhado para o presídio Nilton Gonçalves para uma cela especial. De acordo com o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) – Subseção de Vitória da Conquista, Gutemberg Macêdo Júnior, que fez questão de participar das investigações, o clima de medo e tensão que estava passando na cidade fez com que a entidade auxiliasse à procura do jovem. “Esperamos que os culpados assumam os seus atos e que a sociedade possa dormir tranqüila, num ambiente de paz e harmonia. Temos consciência de que esse não é um fato isolado, por isso é de extrema importância ficarmos atentos com o intuito de evitar essas situações no município”, garante. O promotor da Infância e Juventude de Vitória da Conquista, Marcos Coelho,disse que foi feito um acordo com todos os órgãos envolvidos para que o jovem seja encaminhado ao presídio Nilton Gonçalves para uma cela especial. “Agora ele está sob a responsabilidade do estado, que terá a obrigação de manter a sua integridade. A lei prevê que ele fique no local num prazo máximo de 45 dias. Caso não haja uma sentença nesse período, ele será liberado”, disse. Para mim isso vai dar em nada, porque se foram policias os responsáveis pela onda de violência, eles não vão ser punidos severamente se descobrirem que policiais são, e para quem mora na cidade, sabe muito bem que essa não é a primeira vez que morre um PM e os seus companheiros saem tocando o terror pela cidade. Então resta aguardar, para ver o que irá acontecer daqui para frente.
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