Professores brasileiros em escolas de ensino fundamental têm um dos piores salários de sua categoria em todo o mundo e recebem uma renda abaixo do Produto Interno Bruto (PIB) per capita nacional. É o que mostram levantamentos realizados por economistas, por agências das Nações Unidas, do Banco Mundial e da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico (OCDE). Prestes a comemorar o Dia Internacional do Professor, na sexta-feira, a Organização Internacional do Trabalho (OIT) lançou um alerta, apontando que a profissão em vários países emergentes está sob ameaça diante dos salários baixos. Em um estudo realizado pelo banco UBS em 2011, economistas constataram
que um professor do ensino fundamental em São Paulo ganha, em média,
10.600 dólares ao ano. O valor é apenas 10% do que ganha um professor
nesta mesma fase na Suíça, onde o salário médio dessa categoria em
Zurique seria de 104.600 dólares ao ano. Em uma lista de 73 cidades,
apenas 17 registraram salários inferiores aos de São Paulo, entre elas
Nairobi, Lima, Mumbai e Cairo. Em praticamente toda a Europa, nos
Estados Unidos e no Japão, os salários são pelo menos cinco vezes
superiores ao de um professor do ensino fundamental em São Paulo.
Guy Ryder, o novo diretor-geral da OIT, emitiu um comunicado na
quarta-feira no qual apela para que governos adotem estratégias para
motivar pessoas a se tornarem professores. Sua avaliação é de que, com
salários baixos, a profissão não atrai gente qualificada. O resultado é a
manutenção de sistemas de educação de baixo nível. "Muitos não
consideram dar aulas como uma profissão com atrativos", disse. O valor do salário do professor em São Paulo é de cerca de 1.780 reais ao mês, valor superior ao piso nacional do magistério. Em fevereiro deste ano, o Ministério da Educação (MEC) fixou em 1.451 reais mensais o rendimento dos professores, um reajuste de 22,22%. Para o pesquisador Simon Schwartzman, presidente do Instituto de Estudos do Trabalho e Sociedade (Iets), o aumento do salário não melhoraria necessariamente o resultado das escolas. As transformações, para ele, precisam ser mais profundas. "Mas é claro que, se tiver um patamar mais alto de rendimentos, já vai ser possível recrutar gente mais qualificada nas próximas seleções." (Com informações da Agência Estado).
E não é novidade para nós brasileiros saber que os professores deste país não é valorizado além de enfrentar muitas dificuldades para poderem dar aulas, como falta de estruturas nas escolas, falta de materiais de trabalho, falta de educação por parte de muitos alunos, além claro, da cada vez mais presente violência escolar. Em um país que não investe em educação o máximo que pode, só deve colher mesmo é resultados ruins como estes.