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A vez do eleitor escalar o time .




Sexta feira, 2 de julho. Seria mais um dia qualquer se não fosse dia de jogo da seleção de futebol brasileira. Em campo, Brasil e Holanda, pelas quartas de final. Contrariando a maioria, eu estava em trânsito, esperando um coletivo pra ir assistir os canarinhos na casa de um colega. Esperava no ponto enquanto se aproximava a hora do jogo. Uma moça, que passava de bicicleta, chamou-me a atençao: ei, se você está esperando o ônibus pode desistir, eles não estão parando na hora do jogo do Brasil. Com o aviso da moçoila, saí de minha ingenuidade: Por Garrincha! Até o transporte público pára em jogos da seleção pentacampeã. Tudo fechado, apenas os sons das irritantes vuvuzelas aqui e acolá.


Procurei uma tela de onde poderia assistir ao espetáculo futebolístico e midiático que tanto encanta os corações verde-amarelos. De fato, encontrei um boteco, já lotado de gente, vidradas nos primeiros lances que se desenrolavam. Os canarinhos faziam sua maior apresentação em terras sul africanas: tabelas rápidas, dribles e, a bola entrou: goooollll. Mais duas bolas que, se não fosse o talento do goleiro holandês, o placar subiria para três a zero, logo no primeiro tempo. Veio o intervalo. Logo nos primeiros minutos, em uma trapalhada da defesa brasileira – segundo alguns, culpa do barulho das inclementes vuvuzelas, que impediram a comunicação entre os defensores da área brasileira- a Holanda empatou. Daí em diante eram outros times em campo. Os laranjas mostraram personalidade enquanto os da terra de Pelé e Garrincha se retraíram, mais pareciam um pugilista que, ao tomar um golpe bem aplicado, fica na defensiva, esperando o inevitável nocaute. Os pupilos de Dunga demonstraram todas as suas imaturidades e fraquezas diante às pressões. Ao fim do jogo o choro do goleiro Júlio César, imagem marcante diante dos 2X1, pá de cal sobre a nossa pretensão de ser o maior futebol do mundo.

O que houve? Muitos se perguntaram. Seria a qualidade de nossos jogadores? Certamente que não. Seria a prepotência e falta de preparo do já tão antipático Dunga? Seriam as escolhas deste, em priorizar, alegando uma pretensa experiência, os chamados estrangeiros? Com relação a esta última hipótese arrisco e faço uma análise: não irei me ater à má educação do técnico ranzinza com a imprensa. Prendo-me à sua escalação. Tudo bem que todo time precisa de jogadores experientes mas, estrangeirizar uma equipe parece ser algo simplório. Por não escalou os novos talentos, que jogam em campos tupiniquins? Como exemplo podemos citar Neymar, Ronaldinho Gaúcho, Ganso, entre outros. Com a petulância típica dos espíritos jovens, os meninos iam transformar a vida dos zagueiros adversários em um inferno gramado. Para ilustrar podemos ver a primeira convocação de Pelé, então com 17 anos. Em que resultou? A História responde...

Sim, a febre da copa passou e nos deixou uma leve dor moral e um útil aprendizado: não somos os melhores do mundo – ao menos no futebol – mas, em outubro, poderemos ser os melhores nas urnas, com votos firmes e sóbrios. Temos o poder de escalar o time e, tenho fé, usemos o exemplo da escalação do ranzinza Dunga para vermos quem joga de fato e quem é apenas mais um produto de propaganda.

Que podemos aprender com isso? Santos de casa fazem milagres, e milagres eficientes. Talvez devamos direcionar nossas convicções para a valorização dos que estão perto de nós, dos que convivem com nossa realidade, no dia-a-dia. Bem, Copa do Mundo só daqui há quatro anos, sensato nos é pensar em coisas mais práticas e imediatas. Daqui há menos de três meses iremos escolher nossos representantes nas assembléias estaduais e federal. As escolhas estão aí. Fala-se muito em “fichas sujas”, em que fez e quem não fez, em novas promessas e velhas múmias. O certo é que, ao contrário do futebol, somos milhões de técnicos, efetivamente, e não meros palpiteiros. Trazendo o discurso para nossa realidade local, temos bons nomes, “garotos” impetuosos e cheios de garra para driblar os parrudos zagueiros da melindrosa política. Certamente a arte da política é fazer o possível dentro do desejável. Deste ponto de vista sou bairrista, puxo a sardinha pra minha brasa, nada mais honesto na política representativa pois, se delego minha vontade política a alguém, que este faça parte da minha realidade, que compartilhe e saiba de minhas aspirações como eleitor. Excetuando-se os pleitos para cargos executivos, como governadores e presidente, Vitória da Conquista encampa bons nomes, alguns novos, outros não. Pensemos nisso para as próximas eleições de outubro e acendemos velas para os santos da casa. Nossa terra agradecerá.


Alberto Marlon é jornalista e pós graduando em Comunicação e Política pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia – Uesb.

Escreve em www.cronicasconquistenses.blogspot.com

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