O balanço mais recente do ministério da Saúde da Ucrânia registrou 27 mortes desde a explosão da violência na terça-feira em Kiev e 241 feridos hospitalizados, incluindo 79 policiais e cinco jornalistas. Um repórter do jornal “Vesti” morreu ao ser atingido por tiros perto do cenário dos confrontos, anunciou a publicação.
A violência atingiu outras regiões da ex-República Soviética. Em Leopolis, os manifestantes assumiram o controle de prédios públicos e de depósitos de armas.
O presidente Viktor Yanukovytch denunciou uma insurreição na Ucrânia, abalada por confrontos nas últimas horas, que deixaram pelo menos 25 mortos no centro de Kiev, ocupado pela oposição. O governo dos Estados Unidos e a EU (União Europeia) pediram a Yanukovytch a retomada do diálogo com a oposição, enquanto a Rússia acusou os ocidentais. As manifestações começaram em novembro, quando o governo decidiu repentinamente suspender as negociações de associação com a UE e estreitar as relações econômicas com a Rússia.
Em um discurso à nação - exibido durante a madrugada após um encontro infrutífero com líderes da oposição -, o presidente do país acusou os manifestantes de terem ultrapassado os limites com a defesa de uma "luta armada" para assumir o poder com uma insurreição. "Esses supostos políticos tentaram tomar o poder infringindo a Constituição por meio da violência e dos assassinatos", disse o presidente, que prometeu que os responsáveis deverão "responder à justiça". A onda de manifestações na Ucrânia teve início depois que o governo do presidente Viktor Yanukovych desistiu de assinar, em 21 de novembro de 2013, um acordo de livre-comércio e associação política com a União Europeia (UE), alegando que decidiu buscar relações comerciais mais próximas com a Rússia.
O conflito reflete uma divisão interna do país, que se tornou independente de Moscou com o colapso da União Soviética, em 1991. No leste e no sul do país, o russo ainda é o idioma mais usado diariamente, e também há maior dependência econômica da Rússia. No norte e no oeste, o idioma mais falado é o ucraniano, e essas regiões servem como base para a oposição – é onde se concentram os principais protestos, incluindo a capital Kiev.