Em 12 de novembro de 2009, a revista The Economist colocou o Cristo Redentor decolando para simbolizar o momento da economia brasileira. “O Brasil decola” dizia manchete.
Foram 14 páginas mostrando o sucesso do país, que passava quase que incólume pela crise mundial detonada pela quebra do Lehman Brothers (foi só uma marolinha). Também tinha sido escolhido como sede da Copa de 2014 e das Olimpíadas de 2016.
Quase quatro anos depois, o Cristo volta à capa da Economist.
Mas na nova edição da revista, que deve chegar hoje às bancas, o símbolo do Rio de Janeiro (e do país) parece estar dizendo “Houston, we have a problem”.
A estátua decolou, mas está desgovernada. A manchete agora é uma pergunta: “O Brasil estragou tudo?” A matéria também tem 14 páginas e lembra, entre outras coisas, que o país que chegou a crescer 7,5% em 2010 agora apresenta aumento do PIB na casa dos 2% (ano passado foram 0,9%).
Os protestos de junho também estão na matéria. “Dilma Rousseff, presidente do Brasil, conseguirá reiniciar as máquinas? A Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos vão ajudar a recuperação brasileira ou simplesmente trazer mais dívidas?”, questiona a revista.
Vira e mexe, o Brasil está na pauta da Economist. Em dezembro do ano passado, por exemplo, a revista publicou um artigo defendendo a demissão do ministro da Fazenda, Guido Mantega: “Se ela (Dilma) for pragmática mesmo, deveria demitir Mantega, que perdeu a confiança dos investidores com suas projeções otimistas”. ( Tatiana Nascimento, do Diário de Pernambuco).. E continuando as reflexões sobre o Brasil, a imagem de que se tem la fora do país nos últimos meses parece ser o mesmo da revista, uma país meio descontrolado e cansado das safadezas dos políticos, da corrupção, da desigualdade e das injustiças. Um Brasil que tem tudo para ter uma economia ainda melhor, mas que não age corretamente, é um Brasil que investe, outro que suga, um de sunga, outro de gravata, em resumo, é um Brasil lindo e outro que fede, o mesmo Brasil que dá é igualzinho ao que pede. Mas com um detalhe, mesmo assim, no que diz respeito a economia, estamos melhor do que a crise na Europa viu The Economist.