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Um estudo da Fiocruz, divulgado nesta quinta-feira, estima que 38,7% dos usuários de crack que vivem nas capitais do país estão na região Nordeste --o que significa 148 mil pessoas.
As capitais concentram 370 mil usuários regulares da droga ou similares (pasta base, merla e oxi). O contingente representa 35,7% do total de usuários regulares de drogas ilícitas (excetuando-se a maconha), estimado em 1 milhão nas capitais.
O estudo é a maior pesquisa já feita no país sobre o tema. Foram duas pesquisas realizadas pela Fiocruz, sob encomenda da Senad (Secretaria Nacional de Políticas sobre Drogas): um que traça estimativas sobre o número de usuários nas capitais do país, e o segundo que traça um perfil do dependente de crack, desta vez em âmbito nacional. A divulgação dos resultados era esperada há cerca de um ano e meio.
A segunda região com maior número absoluto de usuários é a Sudeste, com 113 mil ou 29,6%. Em seguida, vêm o Centro-Oeste (51 mil ou 13,3%), o Sul (37 mil ou 9,7%) e o Norte (33 mil ou 8,6%).
O estudo mediu outra condição de vulnerabilidade: o uso do crack por menores de 18 anos. Dos 370 mil usuários regulares, 50 mil são crianças e adolescentes. E sua proporção, entre os usuários estimados, também é maior na região Nordeste.
Enquanto a média nas capitais aponta que 13,5% dos usuários regulares são crianças e adolescentes, o percentual sobe para 18,9% nas capitais do Nordeste.
A pesquisa considera como usuário regular a pessoa que consumiu a droga por pelo menos 25 dias nos seis meses anteriores à entrevista. O estudo que encontrou uma estimativa de usuários nas capitais coletou informações em 2012. Foi utilizada uma metodologia que pergunta sobre o uso de drogas na rede de contatos, com visitas a domicílios.
O governo não divulgou dados por capital. A Senad informou que os dados serão desagregados e divulgados posteriormente. O pouco acesso a serviços e a prevenção de doenças transmissíveis também foi verificado pelo estudo da Fiocruz.
Enquanto 78,9% dos usuários relataram a vontade de buscar tratamento, menos de 7% procuraram um CAPS AD (estrutura base para receber os usuários) e menos de 5% buscaram uma comunidade terapêutica.
Outro dado preocupante é sobre o uso de preservativos. Quase 40% dos entrevistados não utilizaram preservativo nas relações sexuais vaginais que tiveram nos 30 dias anteriores à entrevista.
E o conjunto dos usuários entrevistados apresentou taxas mais elevadas de doenças transmissíveis por sexo desprotegido ou por instrumentos cortantes. Enquanto a taxa geral de HIV na população brasileira é de 0,6%, entre os usuários foi medida em 5%. A hepatite C também aparece como mais frequente: 2,6% enquanto a taxa nacional é de 1,38%. ( As informações são da Folha SP)