O presidente venezuelano, Hugo Chávez, volta a enfrentar o ressurgimento do câncer e viaja neste domingo (9) para Cuba para se submeter a uma nova cirurgia que o levou a contemplar pela primeira vez um cenário no qual ele não esteja presente e a nomear o vice-presidente, Nicolás Maduro, como seu sucessor.
De surpresa, e sem aviso prévio, o presidente apareceu no sábado (8) à noite em cadeia de rádio e televisão, vestido de azul e acompanhado por vários de seus colaboradores mais próximos para informar aos venezuelanos que o câncer voltou e que deverá se submeter à quarta cirurgia em 18 meses em Cuba. "Decidimos com a equipe médica antecipar exames, antecipar uma nova revisão exaustiva. Infelizmente, nessa revisão exaustiva surge a presença na mesma área afetada de algumas células malignas novamente", disse o presidente com tom firme e rodeado de alguns de seus mais próximos colaboradores.
— Devo dizer uma coisa que, embora soe difícil, mas eu quero e devo dizê-lo, se como diz a Constituição se apresentasse alguma circunstância que me desabilite de seguir à frente da Presidência, Maduro deveria concluir o período atual.
O atual período termina no dia 10 de janeiro com a chegada do novo mandato para o qual o próprio Chávez foi eleito em 7 de outubro. É a primeira vez que Chávez contempla um final fatal desde que em junho do ano passado foi-lhe diagnosticado em Cuba um câncer do qual só se sabe que está na zona pélvica, mas não sua localização exata nem seu grau. Ou seja, a primeira vez que ele está admitindo que não dá para ficar mais a frente do seu país, mas sem deixar de lado a sua política polêmica, exagerada e de mudanças em seu país, maléficas e benéficas, ao se preoculpar com o futuro da presidência.