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Estudo inédito mostra que o diabetes está fora de controle no Brasil

03 agosto 2011

Uma doença grave, que atinge pelo menos um milhão de brasileiros - a maioria crianças e adolescentes - está sendo negligenciada. A pesquisa inédita "Estudo multicêntrico de diabetes tipo 1 no Brasil", realizada durante dois anos com 3.591 pacientes de 28 cidades brasileiras, em cinco regiões, mostrou que apenas 15% dos diabéticos têm seu nível de glicemia (a taxa de açúcar no sangue) bem controlado. Isto indica que a maioria corre o risco de complicações graves, como doenças cardiovasculares, falência dos rins, cegueira, amputações, e óbito. E o problema não é a falta de fitas para medir glicemia e insulinas - materiais distribuídos de graça - e sim a pouca conscientização para a doença, cujo índice tem aumentado em todo mundo. A pesquisa - feita a partir de dados de prontuários e questionários respondidos pelos pacientes - durou de 2008 a 2010, e se trata da maior análise sobre as condições de saúde dos diabéticos tipo 1 no Brasil, e o impacto desta doença autoimune. O levantamento, coordenado pela endocrinologista Marilia de Brito Gomes, ajudará a melhorar a conscientização sobre a doença, prevenir e tratar seus sintomas. No diabetes tipo 1, o próprio organismo ataca e destrói as células beta que produzem o hormônio insulina. Sem esta substância, a glicose não chega às células e elas ficam sem combustível para fabricar energia.

Daí a importância de se fazer o diagnóstico precoce, alerta Marilia. Os pais, professores e pediatras devem estar atentos quando a criança sente necessidade de urinar várias vezes ao dia, fome frequente, sede constante, tem perda de peso, fraqueza, fadiga e irritação. Ainda de acordo com o levantamento - que teve apoio da Fundação Oswaldo Cruz, da Sociedade Brasileira de Diabetes e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro - a maioria dos pacientes, 71,5%, teve o diagnóstico antes dos 15 anos, e cerca de 20% antes dos 5 anos. Isto significa que a doença tem início precoce e, portanto, apresenta uma maior chance de evolução para problemas crônicos, o que implica em maior custo para o Sistema Único de Saúde e a sociedade como um todo, diz a endocrinologista.  - Estamos diagnosticando diabetes tipo 1 numa faixa etária cada vez mais cedo. Há casos de crianças com menos de 2 anos diabéticas - alerta Marilia. - Não se sabe ainda as causas, mas o excesso de peso e o maior número de substâncias tóxicas no ambiente atacando o pâncreas, a nossa fábrica de insulina, são fatores que contribuem.

Outro complicador é que, na adolescência, o jovem diabético muitas vezes se descuida e aparecem as complicações, como danos aos rins e aos olhos, além de amputações de membros, diz a médica. - É alto o número de pacientes que morrem antes dos 50 anos - reforça a médica. - Entre 30% e 65% dos entrevistados não haviam se submetido a um rastreamento das complicações crônicas no ano anterior ao nosso levantamento. E o mais importante: pouquíssimos tinham realizado exames para doença cardiovascular, responsável por até 44% dos índices de mortalidade - conta a médica. Outro problema grave no Brasil é o diabetes tipo 2, que atinge de 7 a 9 milhões da população e é causada principalmente pelo excesso de peso e sedentarismo. Do total do custo direto relacionado ao diabetes, 50% são devido a danos crônicos da doença, explica Marília. - Nossos dados ratificam a necessidade de programas eficazes de educação em saúde no Brasil - afirma Marília.

 
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