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Briga de Magnatas.

21 junho 2009


Quando Rupert Murdoch e Silvio Berlusconi entram em conflito, não é nenhuma surpresa que a disputa aconteça em múltiplas plataformas.

Na Itália, o primeiro-ministro Berlusconi usou uma entrevista em um de seus canais de televisão para acusar Murdoch de lançar um ataque pessoal contra ele através de um jornal da News Corp., a gigante da mídia global que pertence a Murdoch.

Os artigos e editoriais em questão, publicanos no "The Times" de Londres, examinam o relacionamento entre Berlusconi, 72, e a modelo de 18 anos Noemi Letizia. Murdoch, apareceu num canal de televisão de Nova York, de propriedade da News Corp., para revidar as acusações de ataque pessoal de Berlusconi, dizendo que elas são insólitas e que outros jornais, que não pertencem à sua companhia, foram ainda mais críticos.
Nesse nível, a disputa pode parecer tão burlesca quanto as estranhezas de um show de variedades italiano. Mas em outro nível, a rivalidade entre os dois homens é séria, e está esquentando.

Berlusconi está "com medo do que Murdoch possa fazer na Itália", diz Fabrizio Perretti, professor da Universidade Bocconi em Milão que estuda a mídia italiana. "E é por isso que ele acusou Murdoch, mesmo que na verdade ele não seja culpado."

A News Corp. é dona da Sky Italia, uma transmissora via satélite que dominou o negócio de TV paga na Itália desde que foi criada em 2003. A empresa familiar de Berlusconi, a Fininvest, está tentando desafiar o domínio da Sky na TV paga. Apesar da forte posição da Sky - com mais de 4,7 milhões de assinantes, atingindo cerca de um quarto dos lares italianos - os analistas da mídia dizem que mudanças no mercado nacional podem criar uma abertura para a Mediaset, uma empresa controlada pela Fininvest.

"A competição chegará a um novo nível de intensidade na segunda metade desse ano", disse o analista da Screen Digest in Londres, Tim Westcott.

A televisão italiana é diferente porque o país praticamente não tem serviço de cabo, e os serviços noticiosos que enviam programação através de conexões de internet de banda larga - uma tecnologia que está crescendo rapidamente em todo o resto da Europa - estão demorando para engrenar.

Pouco depois que a Sky Italia foi criada, a Mediaset estreou um serviço de TV paga, usando sinais encodados transmitidos digitalmente, através de ondas aéreas comuns. Com conversores e cartões pré-pagos, como os que muitos italianos usam para serviços de telefonia celular, os telespectadores podem decifrar os sinais, que incluem transmissões dos principais jogos de futebol.

Esses consumidores normalmente pagam bem menos do que os assinantes da Sky, e a maior parte do lucro com TV da Mediaset continua sendo através de anúncios em seus canais gratuitos. Mas com o declínio da propaganda, ela cobiça o fluxo estável de renda que os assinantes da TV paga fornecem, e montou uma estratégia para transformar seus 2,9 milhões de portadores de cartões em assinantes de longo termo, e para atrair novos clientes.

À medida que a televisão italiana migra para os sinais digitais, dizem os analistas, pode ser mais fácil para a Mediaset transformar seus telespectadores em clientes pagantes, porque eles já terão a tecnologia necessária instalada, enquanto o serviço da Sky necessita da instalação de uma antena parabólica.

Mas a Sky não está parada. Assim como em outros mercados, como na Inglaterra, onde a companhia comanda um bem sucedido negócio de televisão paga, a Sky está apostando em conteúdo numa tentativa de manter seu domínio.

Berlusconi diz que a briga com Murdoch aumentou depois uma decisão do governo italiano em dezembro de dobrar o imposto sobre o valor agregado da Sky em 20%.

"Não quero ser ofensivo, mas infelizmente depois do episódio do imposto houve um colapso nas relações com o grupo Sky e o grupo Murdoch, que publicou uma série de artigos muito críticos me atacando", disse Berlusconi numa entrevista ao Canale 5 da Mediaset.

Ele parecia estar se referindo a artigos e editoriais do jornal "The Times", um deles com a seguinte manchete: "Cai a máscara do palhaço".

Murdoch retrucou na semana passada numa entrevista na Fox Business Network. "Não controlo o que o editor do 'The Times' diz em Londres ou o que falam os economistas que o têm atacado, dizendo que foi uma desgraça tê-lo como primeiro-ministro durante os últimos cinco anos", disse ele.

Talvez o mais surpreendente seja que a disputa levou muito tempo para se desenvolver, dados os interesses superpostos e as personalidades gigantescas dos dois homens.

Nos anos 90, entre o primeiro e o segundo mandato de Berlusconi como primeiro-ministro - ele está atualmente em seu terceiro mandato - foi amplamente noticiado o fato de que ele discutiu a venda da Mediaset para Murdoch, mas os dois não conseguiram concordar em relação ao preço. A criação da Sky Italia, através da fusão de duas companhias de satélite, ocorreu durante o segundo mandato de Berlusconi.

Outros países europeus acharam difícil sustentar mais do que uma grande operadora de TV paga, o que resultou numa onda de fusões.
Conforme a competição aumenta na Itália, os analistas dizem que é improvável que as tensões atuais entre Murdoch e Berlusconi sejam as últimas.

"A Itália, durante os próximos anos, será um mercado muito interessante para a televisão, tanto por motivos econômicos quanto por motivos políticos", disse Augusto Preta, gerente geral da ITMedia Consulting em Roma.

Fonte: Uol Notícias

 
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