(ANSA) - Um vídeo que revela o tratamento recebido por imigrantes ilegais no centro de acolhimento de Lampedusa divulgado pelo canal Tg2 na noite da ultima segunda-feira (17) tem provocado polêmica na Itália. As imagens mostram os estrangeiros nus -- apesar do frio -- e com os braços abertos sob os olhos de todos passando por um processo de desinfecção contra a sarna.
O "tratamento" é aplicado por funcionários que espalham o desinfetante pelo corpo da pessoa por meio de uma mangueira. A gravação foi feita com o celular de um dos moradores do local. Segundo um homem que comenta o vídeo, chamado apenas de Khalid, entre os que foram submetidos a essa operação estão sírios, ganeses, nigerianos, curdos, eritreus e até sobreviventes do naufrágio de 3 de outubro no mar Mediterrâneo, que deixou 366 mortos. As imagens são do dia 13 de dezembro, mas segundo os imigrantes, a desinfecção acontece todas as semanas - mesmo que eles não tenham nenhum sinal da doença.
A situação já foi comparada no país a campos de concentração nazistas e provocou reações por todos os lados. "São imagens graves e que nos chocam. O governo fará uma investigação profunda e vai punir os responsáveis", afirmou o premier italiano, Enrico Letta. Já o seu vice, o conservador Angelino Alfano, que também é ministro do Interior, declarou que quem errou irá pagar e que logo o governo terá um relatório para compreender as razões que levaram ao incidente, para assim poder tomar as medidas necessárias.
O Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) cobrou soluções urgentes para melhorar o padrão de acolhimento em Lampedusa, enquanto a ONG Save the Children disse que as condições enfrentadas pelos estrangeiros no local são "indignas" e que o procedimento de desinfecção é "absolutamente inaceitável".
A cooperativa que administra o centro se defendeu com a justificativa de que faltam profissionais e espaços adequados para receber os imigrantes.