A Europol, organização policial europeia, revelou nesta segunda-feira a existência de uma rede de corrupção no futebol que se estende da Ásia até a Europa. Em entrevista concedida em Haia, na Holanda, o diretor da entidade, Rob Wainwright, informou que um grande sistema de manipulação de resultados tem afetado o esporte mais popular do mundo nos últimos anos. "Foram identificados mais de 380 partidas de futebol profissional que estão cercadas de suspeitas de apostas ilegais. Essa ampla rede criminosa é controlada a partir do continente asiático", explicou ele. Alemanha, Grã-Bretanha, Holanda, Turquia, Eslovênia, Áustria e Hungria são alguns dos países envolvidos no esquema de manipulação.
Entre os casos suspeitos estão partidas da Liga dos Campeões e das eliminatórias para a Eurocopa de 2012 e a Copa do Mundo de 2014.
O esquema rendeu um lucro estimado em 8 milhões de euros (cerca de 21 milhões de reais) aos envolvidos. O montante total destinado ao suborno de árbitros, jogadores e outros envolvidos nas manipulações chega a 2 milhões de euros. A propina mais cara, cujo destinatário não foi revelado, foi de nada menos que 140.000 euros. A investigação durou um ano e meio. Nesse período, os agentes da Europol investigaram 700 jogos, além da atuação de 425 jogadores, dirigentes e torcedores suspeitos de envolvimento na rede de manipulação.
"Ficou provada a prática de combinação de resultados em 150 casos", disse Wainwright. De acordo com ele, a organização emitiu ordem de detenção a 28 pessoas e já prendeu outros 50 envolvidos.
O representante da Europol afirmou que essa é a "maior investigação já realizada sobre esquemas suspeitos no futebol" e lamentou o fato de o futebol europeu sofrer um "grande problema de integridade". As suspeitas, porém, não se restringem a partidas disputadas no continente - um dos jogos investigados é um duelo entre Argentina e Bolívia, em que a arbitragem marcou um pênalti duvidoso a favor dos argentinos.