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'É uma segunda revolução', afirma jornal egípcio

23 novembro 2011

( Veja). Dezenas de milhares de manifestantes seguem ocupando as ruas do Cairo, capital do Egito, no quinto dia consecutivo de protestos e violentos confrontos entre as forças de segurança e manifestantes que pedem a saída imediata dos militares do poder. "É uma segunda revolução", afirma o jornal egípcio Al-Akbar na edição desta quarta-feira, lembrando o levante popular que tomou a mesma Praça Tahrir nove meses atrás exigindo a renúncia do ditador Hosni Mubarak. "O mais perigoso que pode acontecer é a deterioração da relação entre o povo e o Exército", acrescenta a publicação. As concessões anunciadas na terça-feira pelo chefe da Junta Militar, marechal Mohammed Hussein Tantawi - como a realização de um plebiscito para decidir se as Forças Armadas continuam no poder - não foram suficientes para acalmar os ânimos. Nesta manhã, os policiais seguem jogando gás lacrimogêneo contra os rebeldes, que lançam pedras em resposta. O número de mortos nos confrontos que se estendem desde sábado subiu para 32, informou nesta quarta-feira o porta-voz do Ministério da Saúde local, Mohamed al Sherbini. Segundo ele, as novas vítimas fatais foram registradas no Cairo, onde pelo menos 30 manifestantes morreram nos choques contra policiais na Praça Tahrir e nas imediações do Ministério do Interior. Também houve um morto em Ismailia e outro em Alexandria. Há, ainda, mais de 1.900 feridos. O Prêmio Nobel da Paz de 2005 e candidato à presidência do Egito, Mohamed El Baradei, classificou como "massacre" os últimos acontecimentos registrados.

A Alta Comissária da ONU para os Direitos Humanos, Navi Pillay, pediu nesta quarta-feira uma investigação "rápida, imparcial e independente" sobre a morte de manifestantes no Egito. "Peço às autoridades egípcias que interrompam o uso excessivo da força contra os manifestantes da Praça Tahrir e em outros lugares do país", disse Pillay. Em um comunicado, a Alta Comissária destaca a necessidade de prestação de contas dos responsáveis pelos abusos e denuncia que vários manifestantes da Praça Tahrir foram "detidos arbitrariamente". A determinação dos manifestantes - que já provocaram a renúncia do governo instalado pelo poder militar - permite prever uma longa disputa, a menos de uma semana das primeiras eleições legislativas desde a queda de Mubarak, cujo início está marcado para a próxima segunda-feira. O temor deles é de que os militares articulem uma maneira de se perpetuar no poder e manter o sistema repressivo do antigo regime. Desde a derrubada da monarquia, em 1952, as Forças Armadas se mantêm por trás de todos os governos do país e controlam cerca de 20% a 40% da economia.

 Entenda o caso

  1. • Na onda da Primavera Árabe, que teve início na Tunísia, egípcios iniciaram, em janeiro, sua série de protestos exigindo a saída do então presidente Hosni Mubarak.
  2. • Durante as manifestações, mais de 850 rebeldes morreram em choques com as forças de segurança de Mubarak que, junto a seus filhos, é acusado de abuso de poder e de premeditar essas mortes.
  3. • Após 18 dias de levante popular, em 11 de fevereiro, o ditador cede à pressão e renuncia ao cargo, deixando Cairo.
  4. • No lugar dele, assumiu a Junta Militar que segue governando o Egito até as eleições.

 
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